quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Para as primeiras pessoas do singular

Meu egoísmo é tão meu
que não me convém o que é alheio
Meu egoísmo é tão meu
que não me interessa seu anseio
Meu egoísmo é tão meu
que pouco me importa convenções
Meu egoísmo é tão meu
que não saliento discussões

É egoísmo que aprendi
com as injustiças que vivi
no rosto frio da sociedade
É egoísmo que observei
em criaturas sem porque
que defendem uma só verdade

Meu egoísmo é tão meu
que esqueço a razão
Meu egoísmo é tão meu
que não escuto opinião
Meu egoísmo é tão meu
que valorizo a hipocrisia
Meu egoísmo é tão meu
que dá lugar à covardia

É egoísmo sem iluminação
que sem qualquer indignação
não respeita individualidade
É egoísmo obrigatório
de indivíduo transitório
sem compromisso com humanidade

Meu egoísmo é tão meu
que de mim torna-se sujeito
Meu egoísmo é tão meu
que não desenvolvo conceito
Meu egóismo é tão meu
que o eixo do mundo sou eu
Meu egoísmo é tão meu
que me cega para o seu.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Encontro

Sem nenhum motivo aparente
Estava sentado a minha frente
alguém que nunca pensei encontrar
Me olhava atentamente
e parecia não acreditar
No que aquela realidade
apresentava ao seu olhar
Assustado também fiquei
quando enfim percebi
que era eu que estava a sorrir
Esse Eu, pra mim era passado
Jovem sorridente
De ideologia e sonho aparente
Seus olhos pareciam brilhar
E compreendendo a situação
Sentei ao seu lado
Em meu rosto apenas semblante desanimado
ao ver aquele rosto jovem me fitar
Então me questionou assustado
- Você sou eu quando o tempo passar?
Confirmei que sim sem me animar
Ele notou o pesar e se dirigiu a mim
- Quer dizer que serei assim?
E respondi: - Não se puderes mudar!